segunda-feira, 25 de março de 2013

MENTIRAS OU HISTÓRIAS INVENTADAS?



“-John, o que você está comendo? 
- Nada, mãe. 
- Por que o saco de confete está vazio? Você comeu? 
- Não, não comi nada.”
E John, de apenas três anos, teria se saído muito bem se não fosse seu rosto estar completamente sujo de confetes. 

Em uma enquete nas nossas redes sociais, 93% dos leitores revelaram que os filhos já inventaram alguma história, seja derivada de uma fantasia ou para escapar de um castigo. E antes de pensar em como agir, é importante saber que a mentira evoluí conforme a idade da criança. Confira as dicas de Bruno Jardini Mader, psicólogo infantil do Hospital Pequeno Príncipe, para lidar da melhor maneira com essa situação: 
A partir dos 2 anos 
A mentira começa junto com a possibilidade de organizar pensamentos, por isso, a partir do segundo ano de vida, a criança já usa a imaginação com esse fim, o que pode ser confundido com fantasia. “A mentira é denominada assim por adultos, mas crianças nessa idade usam a narrativa inventada muitas vezes sem saber que aquilo não corresponde à realidade. Se ela faz uma coisa errada e nega para os adultos, por exemplo, o que ela está falando é que queria que aquilo não tivesse acontecido. Não dá para chamar de mentira propriamente dita, porque dificilmente há juízo de valor”, explica o psicólogo.
Por isso, os pais podem se sentir desconfortáveis em chamar a atenção da criança. É compreensível, mas pouco eficiente.Ter uma postura omissa dificilmente vai ajudar a criança a entender que existem limites entre a realidade e a fantasia. Para driblar esse tipo de mentira e ajudar seu filho a compreendê-la, a dica do especialista é “trazer a situação para o concreto”. Se a criança quebrou um vaso e nega, por exemplo, os pais podem explicar que aquela peça tinha a função dela dentro do ambiente da casa e que agora que quebrou, as flores vão ficar sem lugar para ficar. Faça a criança entender as consequências de seus atos.
A partir dos 6 anos
Aqui a criança já tem o pensamento mais estruturado. É a idade em que começa a alfabetização, a compreensão de símbolos e códigos socialmente aceitáveis. Ela já começa a ter boa noção de certo e errado e, muitas vezes, recorre à mentira para escapar de uma punição que considera mais severa. É a fase em que ela também começa a desenvolver certa malandragem e malícia. 

A dica aqui é perceber o contexto em que a criança mentiu. “Se os pais conseguem perceber mentiras constantes, medidas punitivas não são ruins, desde a criança entenda o porquê está sendo punida. A família pode mostrar que aquilo atinge a moral, explicar que esse tipo de comportamento pode trazer prejuízos para as pessoas, como deixá-las tristes, por exemplo”, diz Mader. 

Outra dica é não deixar que a mentira se torne algo sem consequências, em que a criança faz, os pais chamam a atenção e tudo fica por isso mesmo. “Os pais precisam perceber que a honestidade é uma coisa a ser desenvolvida na criança e até mesmo nos próprios pais. Coisas erradas precisam ser lembradas e explicadas até que aquilo entre na cabeça das crianças”, explica o psicólogo. 

Mas, na hora de chamar a atenção: cuidado. Se omissão diante da mentira é ruim, o autoritarismo puro também não contribui muito para a educação, uma vez que não exige uma auto-reflexão e pode, entre outras coisas, inibir a imaginação, que é sempre necessária para um desenvolvimento saudável do cérebro. Seja firme, mas demonstre empatia, mostre que compreende que seu filho não teve a intenção de fazer algo ruim e explique que às vezes nossas atitudes ser ruins para outras pessoas e que é por isso que devemos pensar antes de agir ou falar.